Anime Friends 2012 - Vejam como foi

Já é uma tradição pra mim, entre junho e julho, todo ano preparar minha mala e minhas revistinhas e pegar a estrada para São Paulo, rumo ao Anime Friends. A expectativa para o evento é sempre alta, embora sempre tenha algumas dúvidas...será que vai ser legal? Será que o lugar do Fanzine Expo vai ser bom, ou vamos ficar num lugar isolado? E o público, vão se interessar, ou torcer o nariz para as revistas? Será que vou vender o bastante pra bancar minha edição? Enfim, pra quem é fanzineiro, e ainda mais indo de outro estado, essa viagem sempre é uma aposta, eu posso me dar bem, ou muito mal. 

Tem alguma curtição, você acaba revendo os amigos de todo ano, experimenta nem que seja um pouquinho das atrações, compra alguma coisa quando dá. Mas no geral, é muito trabalho duro, muita noite mal dormida e gargantas prejudicadas no final dos dias do evento, de tanto mostrar/apresentar/ falar sobre seu trabalho. Se, depois de tudo, o investimento de tempo e dinheiro resulta no que se esperava em vendas e divulgação, então bate aquela sensação de dever cumprido, e mal o evento acabou já começam os planos para ano que vem. É assim que eu saí do Anime Friend 2012, mas desta vez havia um elemento a mais, uma preocupação que eu não tive nos outros anos, sobre o próprio evento em si.  

Como eu coloquei no meu post anterior, o Anime Friends é considerado o maior evento de anime e mangá da América Latina, e essa seria a edição comemorativa dos dez anos do evento. Também postei que, no  lugar do Mart Center, que vinha sendo usado nos últimos eventos, desta vez o AF aconteceu na Faculdade Cantareira, próximo ao metrô Belem, em SP. Antes mesmo do evento começar, essa mudança criou sérias desconfianças do público paulista, que conheciam a faculdade, pois a área disponível era menor que a dos eventos anteriores. Mas eu só podia saber mesmo quando estivesse lá. Eu tinha uma experiencia com o AF acontecendo numa faculdade, no caso a Uni Santana, onde o evento teve várias edições até 2007. E conforme ele crescia em volume e atrações, o espaço da faculdade ficava cada vez mais apertado e inadequado, até que finalmente se mudaram para o Mart Center, muito mais adequado ao tamanho do evento. Voltar para uma faculdade agora parecia para mim um retrocesso, e ao finalmente conhecer a Faculdade Cantareira, vi que eu tinha razão. 

Antes de mais nada, preciso explicar que não tenho absolutamente nada contra o evento, pelo contrário. Mesmo que a seção dedicada aos fanzineiros sempre teve lá seus altos e baixos, ao menos nos dois eventos anteriores este aspecto melhorou bastante, e passamos a ser tratados com algum respeito. E, como eu fiquei quase o tempo todo dedicado a venda dos fanzines, minha visão do que aconteceu lá é um pouco limitada, mas outros amigos que estavam por lá tiveram impressões similares, então acho que não estou tão errado. 

Então, ao chegar a faculdade, me deparei com um quadro bastante desanimador. A estrutura do local não foi planejada para abrigar um evento, nesses casos basicamente se improvisa diversas áreas e se tenta interliga-las da melhor forma possível, quem frequenta eventos no Rio de Janeiro conhece bem esse quadro. Até funciona se o volume de público não for grande demais e o local permitir essas interligações, o que não era de forma alguma o caso da Cantareira. Logo quando chegamos, achar o lugar do Fanzine Expo, onde colocaríamos nosso trabalho, foi uma verdadeira caça ao tesouro, até encontrarmos o corredor aonde ficamos. Isso em si é um problemão, pois se o público não sabe aonde estamos, não vai lá e também não compra. Por sorte, não era uma área tão isolada, funcionava como passagem para o andar onde ficavam os stands de vendas. E é aí que a coisa fica surreal, pois não era só nós que estávamos mal posicionados, praticamente tudo estava pouco acessível, dependendo de corredores e escadas muito apertados para a passagem do público, com sinalização pouco eficiente. Era ainda mais complicado que no caso da Uni Santana, onde tudo era mais concentrado num único prédio, no campus da Cantareira tivemos dois prédios, concentrando atrações, stands de vendas, um único palco para todas as atrações, com uma área relativamente pequena para o público.O resultado eram atrações espalhadas, difíceis de se achar, como por exemplo as salas temáticas. E, no domingo, o espaço pequeno prejudicou muito a movimentação do público.

Isso não impediu que o evento acontecesse, claro, não foi uma tragédia. Mas a questão aqui é que não estamos falando de um evento médio, e sim do maior de todos. É natural se esperar muito por parte dele, ainda mais sendo uma edição de 10 anos. E, se estas expectativas não são atendidas, a tendência é que o público perca o interesse aos poucos, prejudicando a todos. Seria muito importante que a direção do evento revesse a locação nas futuras edições, para um lugar mais adequado ao tamanho e a grandeza que todos esperamos para o Anime Friends. Realmente foi preocupante, e estou torcendo que a edição do ano que vem consiga reverter esse quadro. 

Apesar de tudo o que eu disse, as vendas não foram prejudicadas, consegui vender 98 revistas nos dois dias, atendendo muito bem minhas expectativas. Eu poderia dizer que deu "tudo certo",  vendo apenas pelo meu lado, mas isso seria um modo limitado de ver as coisas, pois eu também me sinto parte do evento como um todo. E com certeza não seria legal perder esta expectativa de todos os anos, se o evento num caso extremo deixasse de existir. Seria muito triste, para mim.

Bem, é isso, e fiquem de olho que nossa próxima participação vai ser no Anime Family, no próximo fim de Semana, até lá!